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November 22, 2022Ainda que a liderança feminina caminhe a passos lentos – afinal, um dado do IBGE indica que 37,4% dos cargos gerenciais, no Brasil, eram ocupados por mulheres, em 2019 – já podemos notar uma mudança consistente em termos de posicionamento da mulher no mercado de trabalho.
Sim, ainda estamos longe de chegar a um patamar ideal, e talvez a equidade de gênero leve mais alguns anos para se concretizar. Contudo, já demos passos importantes que devemos compreender. E por que não fazê-lo hoje? No Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino? Apesar de pouco comentada, essa é uma data muito importante para valorizar e, acima de tudo, celebrar a força feminina no ecossistema corporativo.
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Os desafios da liderança feminina
Houve um tempo em que, para ter direito a uma fatia das oportunidades de trabalho, as mulheres precisavam se ‘masculinizar’’. Isso significa que muitas se apoderaram de atributos que não lhe cabiam a fim de driblar paradigmas e conquistar respeito e credibilidade perante os demais.
Por muitos anos essa foi a saída, afinal os desafios da liderança feminina já começam em seu aspecto emocional. Se você, que lê este conteúdo, é mulher e trabalha no mundo corporativo, já pode ter sido rotulada, ao menos uma vez, como emotiva.
De fato, este é um rótulo arraigado na cultura organizacional de muitos negócios. Tanto que um panorama de estudo feito pela Opinion Box, em parceria com o StartSe, chamado “Liderança Feminina: a visão delas sobre os desafios de gestão” apontou que 46% das lideranças femininas acreditam que lidar com estereótipo de sensível é uma barreira mental a ser enfrentada.
Além da questão apontada acima, o mesmo levantamento mapeou outros 14 desafios que as lideranças femininas enfrentam no ambiente corporativo. O medo de falar sobre suas conquistas foi indicado por 52% das entrevistadas. Segundo o panorama, muitas afirmam que isso acontece pois não querem parecer orgulhosas e vaidosas demais.
Práticas que remam contra a maré
Agora, mais do que nunca, acredito que entendemos que podemos escolher e, acima de tudo, construir o caminho que desejamos trilhar, compreendendo que as duas energias, feminina e masculina, são importantes. Hoje, decerto, há mais liberdade para escolher. Não se trata sobre o que é certo ou errado, mas, sim, o que funciona melhor para cada um.
Na minha trajetória como especialista em desenvolvimento de pessoas, realizei muitos trabalhos dentro de empresas para potencializar as habilidades de mulheres que estavam em expansão na carreira. O principal objetivo de tal movimento era, principalmente, fazer com que as profissionais se apropriassem de seus cargos e, consequentemente, fortalecessem sua liderança.
Em todos os projetos que conduzi não pude deixar de notar um fator em comum: grande parte das mulheres em transição para liderança acreditavam que não eram merecedoras de seus cargos. E, ainda, muitas delas, até o momento das promoções, perceberam que não haviam planejado assumir esta nova posição.
Para a liderança feminina, os questionamentos em torno dos desafios são intensos: ‘devo me dedicar à carreira? Ou ter filhos e parar de trabalhar?’. Isso porque há uma premissa defasada de que um desejo deve existir em detrimento de outro. Seguindo este pensamento, ser bem sucedida e ter filhos, por exemplo, são caminhos totalmente distintos. Contudo, sabemos que ambos, não só podem coexistir, como agregar e muito na vida da mulher.
Outra questão que tenho trabalhado também é o relacionamento interpessoal. Isso porque mulheres que assumem altos cargos acreditam que, para conquistarem respeito, precisam assumir uma postura de força. Muitas vezes, esse comportamento vem atrelado a práticas e retóricas agressivas. Desse ponto de vista, ser próxima da equipe é dar intimidade e, consequentemente, visto como algo negativo.
São inúmeras as situações que aparecem ao longo da vida da mulher que a fazem questionar sua capacidade e colocar em cheque sua autoconfiança. Fomos ensinadas a interiorizar mensagens negativas, não discutir obstáculos internos e, principalmente, a ter medo. Medo de não ser apreciada, de fazer a escolha errada, de ser julgada, do fracasso, da rejeição, de não agradar e, mais do que isso, de ser uma péssima filha/esposa/mãe.
O que podemos aprender com outras líderes?
Por isso, a primeira experiência que compartilho como mulher, líder e especialista em gestão de pessoas é não deixar os questionamentos e inseguranças impedirem que siga o caminho que deseja trilhar. Imagine que as grandes líderes de nossa sociedade também já passaram por situações parecidas. Contudo, isso não as impediu de continuar. Elas buscaram desempenhar bem cada um dos seus papéis que assumiram e, assim, impactaram positivamente o mercado de trabalho e todos à sua volta – seja a família, os amigos ou os seus liderados. O fato é que podemos, sim, ser fortes e gentis.
Sheryl Sandberg é uma empresária norte-americana que foi o braço direito de Mark Zuckerberg, por 14 anos. Além disso, ela é uma grande defensora da liderança feminina no ecossistema corporativo e autora do livro Faça Acontecer – que se tornou um movimento em prol da causa. Em uma TEDTalk, Sheryl compartilhou alguns conselhos, que são pertinentes para nossa discussão. Destaco dois dos que julgo mais importantes:
- Sente-se à mesa:
“As mulheres subestimam sistematicamente suas habilidades. Não negociam por elas mesmas no mercado”, fala, citando um estudo que aponta que 57% dos homens recém-formados negociam seu primeiro salário enquanto apenas 7% das mulheres fazem o mesmo.
“Os homens atribuem seu sucesso a eles mesmos e as mulheres o atribuem a fatores externos. Se você perguntar aos homens por que eles fizeram um bom trabalho, eles dirão: ‘Sou demais. Obviamente. Por que você está perguntando?’. Se você perguntar o mesmo às mulheres, elas dirão que alguém as ajudou, que elas tiveram sorte, que trabalharam duro”, continua.
- Não saia antes de sair
“Aqui está o que acontece: uma mulher começa a pensar em ter um filho. E, literalmente, a partir desse momento, ela não levanta mais sua mão, não corre atrás de uma promoção, não pega um novo projeto. Começa a se afastar”, fala Sandberg.
Entre as consequências mais diretas do afastamento do trabalho está um pipeline reduzido de talento feminino disponível para cargos de liderança: há quem não volte ao trabalho e quem volte, mas sem o momento ou o espaço necessário para continuar avançando.
“Não saia antes de sair. Mantenha seu pé no acelerador até o dia em que você precise sair para ter um tempo de ter um filho – e então tome suas decisões.”
Dito isso, o meu convite é para que nós, mulheres, possamos acolher nossas vulnerabilidades, com amor, respeito e generosidade, reconhecer e nos apropriar de nossas virtudes. Que possamos nos inspirar em tantas outras que vieram antes de nós, desbravaram caminhos, suportaram dores e permitiram ressignificar algumas ideias.
Além disso, torço para que possamos seguir fortalecendo nossa liderança. Afinal, o primeiro nível do processo de liderar é tomar as rédeas de si e de seus sentimentos.
Minha admiração e respeito por todas as mulheres que fazem acontecer, que superam seus medos, gerenciam suas emoções, realizam com recursos escassos, acreditam em seus sonhos, se respeitam, se admiram, alimentam a sua totalidade, espiritualidade, equilibrando feminilidade e masculinidade.