Nas últimas semanas, novos detalhes surgiram sobre os escândalos de corrupção que abalaram as gigantes Odebrecht e Americanas, resultando em seus pedidos de recuperação judicial. Esses casos de fraudes não apenas expuseram práticas ilícitas, mas também destacaram a fragilidade das culturas de governança dentro dessas corporações.
A Odebrecht, envolvida em um dos maiores esquemas de corrupção já registrados, e a Americanas, com suas práticas contábeis fraudulentas. Ambas empresas são exemplos claros de como a falta de transparência pode resultar em uma crise financeira profunda e a perda de confiança no mercado.
Esses episódios ressaltam a importância vital de uma cultura de governança corporativa robusta e eficaz. Implementar uma cultura sólida pode prevenir comportamentos inadequados e garantir que as empresas operem de forma ética e sustentável. Neste artigo, exploraremos os casos de Odebrecht e Americanas em detalhe e discutiremos como uma forte governança corporativa poderia mitigar tais riscos.
Caso Odebrecht: corrupção e crise de imagem!
O início deste evento se deu quase uma década atrás, em 2015, quando estourou um caso de corrupção global envolvendo a Odebrecht e a Braskem, sua subsidiária do setor petroquímico. Uma operação da Polícia Federal brasileira, em cooperação com instituições legais de outros países, identificou que as empresas pagaram mais de US$1 bilhão em propina para funcionários, partidos políticos e representantes do governo de 12 países.
Esse esquema visava adquirir benefícios ilícitos em licitações públicas, ficando em vantagem em relação aos demais concorrentes de determinados contratos. A injeção de capital ocasionada pela corrupção não foi o suficiente para reparar os danos em multas e processos, quando o esquema foi descoberto. Isso, consequentemente, enfraqueceu muito os alicerces da Odebrecht e destruiu sua economia.
As ações caíram e empresas congelaram contratos que possuíam com a construtora, receosos se envolverem nas investigações. O que restou à Odebrecht foi firmar um acordo de leniência com a justiça e colaborar com as investigações em troca de redução nas punições aplicadas.
Mesmo fazendo esse acordo, a justiça condenou a Odebrecht a pagar US$4,5 bilhões por ter lesado diversas empresas nos países onde estava envolvida em casos de corrupção. Além disso, também recebeu condenações adicionais de 2016 até agora, o que resultou na prisão de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, e de outros ex-diretores envolvidos no esquema.
Em suma, a Odebrecht chegou à atual situação porque está com a imagem desgastada continuamente há quase uma década. Por conta de um grupo de executivos mal intencionados, uma das maiores empreiteiras do país teve seu legado destruído e recorreu a RJ para não ir à falência.
Caso Americanas: ausência de cultura de governança!
No dia 11 de janeiro de 2023, o então presidente da Americanas, Sérgio Rial, que estava apenas há 9 dias no cargo, informou que havia um rombo contábil de quase R$20 bilhões nos lançamentos da empresa. Por fim, ele publicou seu pedido de demissão.
Começava ali uma série de investigações internas para descobrir o que havia ocorrido. A partir daí, descobriram uma série de maquiagens fiscais e fraudes que prejudicaram a empresa e beneficia alguns poucos executivos.
O esquema era o seguinte: as operações de risco sacado, no qual a empresa repassa dívidas com fornecedores a bancos ou fundos de investimento e firma nova dívida com a instituição financeira com outros parâmetros, não eram incluídas no balanço corporativo da empresa. Na teoria, é como se elas estivessem quitadas – o que reduzia drasticamente os prejuízos nos relatórios enviados para investidores.
Outra “maquiagem” nas dívidas era o inflacionamento dos valores das VPC’s (Verbas de Propagandas Cooperada), e até mesmo inclusão de VPC’s que nunca existiram no balanço. Com isso, eles simulavam um desempenho de faturamento muito acima do real, gerando bônus altos para os executivos e um preço elevado na venda de ações.
Após a divulgação das práticas criminosas, as ações da Americanas sofreram uma queda gradual. Isso motivou a fuga de investidores – que vendiam seus papéis antes que se desvalorizassem ainda mais. Quando a polícia começou a aprofundar as investigações, a Americanas já estava mergulhada na crise, com a credibilidade do mercado perdida e no início do seu processo de RJ.
Nas últimas semanas, descobriram que o grupo de fraudadores incluía aproximadamente 40 pessoas, dos mais variados graus hierárquicos. Dentre os principais envolvidos no crime estavam o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez e Anna Saicali, ex-CEO do braço digital da empresa, a B2W.
Ambos foram presos após se entregarem à justiça. Os demais envolvidos ainda estão sob investigação, atualmente. A Americanas permanece em recuperação judicial, com fluxo de caixa baixíssimo e traçando diversas estratégias para melhorar sua imagem no mercado.
A importância da implementação de uma cultura de governança
Nos dois exemplos acima, os golpes só ocorreram devido à ausência de uma cultura de governança sólida e eficaz, que pudesse impedir a prática de crimes dentro das empresas.
Com uma cultura de governança robusta, certamente, uma auditoria independente teria sido implementada ao menor sinal de corrupção na gestão. Os subornos em troca de benefícios na Odebrecht teriam sido bloqueados pelo compliance. Por outro lado, na Americanas, os auditores teriam revisado minuciosamente os relatórios financeiros. Com isso, nenhuma incongruência jamais teria chegado aos investidores.
Decerto, isso exemplifica a importância da governança corporativa, independentemente do porte da companhia. Na verdade, quanto menor a organização, melhores são as condições para sua implementação. Afinal, isso facilita a construção de uma cultura de transparência e a preparação das lideranças para tais iniciativas.
No entanto, mesmo grandes empresas podem adotar medidas para se proteger contra os danos de uma má gestão. É essencial reconhecer que a cultura de governança deve ser uma prioridade, protegendo os interesses da companhia e de sua equipe de profissionais.
A princípio, uma governança eficiente começa com o compromisso de toda a equipe em buscar os melhores resultados e pensar de forma alinhada. Não se deve ocultar nada; a informação que o CEO possui deve ser de conhecimento de todos os outros profissionais, independentemente da hierarquia. Além disso, é necessário garantir a implementação rigorosa dessas práticas, utilizando ferramentas de auditoria eficientes e promovendo um pensamento colaborativo.
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