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July 14, 2023Provavelmente, você já deve ter lido algo a respeito do Caso Americanas. Desde o início do ano, a varejista é palco de notícias sobre as inconsistências financeiras bilionárias que resultaram em um pedido de recuperação judicial, em março de 2023.
Só para ilustrar, estamos falando de R$43 bilhões em dívidas com cerca de 16 mil credores, o que incluiu um aporte de R$10 bilhões, além de leilões e vendas de ativos. E esse processo está longe de acabar, visto que os prazos para pagamento das dívidas com os credores maiores podem se estender até 2043.
Enquanto isso, as novidades não param de chegar: no último dia 13/06, a Americanas admitiu que ex-diretores da empresa foram responsáveis por fraudes nos documentos contábeis e fiscais apresentados.
A lista de atrocidades divulgada pela própria companhia é vasta. Lançamentos indevidos, operações de crédito e financiamento contabilizadas de forma inadequada no balanço, contratos criados artificialmente, lançamentos inadequados oriundos de juros sobre operações financeiras e mais fraudes.
Mas, afinal, que sinais de alerta esse caso traz para as empresas brasileiras no geral?
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3 fases de uma empresa em crise
Embora não tenhamos acesso a detalhes da gestão operacional da Americanas, fato é que este processo não ocorreu da noite para o dia. De modo que é praticamente impossível que gestores e diretores não tenham percebido os sinais da crise antes de ela atingir tamanha proporção.
Nossa experiência tem comprovado que algumas etapas estão sempre presentes durante crises fiscais.
- Fase da negação → A gestão ignora e subestima os sinais da crise.
- Fase da omissão → Um acordo entre a alta gestão e os parceiros diretamente envolvidos para ocultar os sinais da crise.
Em empresas do porte da Americanas isso chama ainda mais atenção. Afinal, como os gestores conseguem burlar metas e indicadores de desempenho por tanto tempo?
E o pior, como conseguiram desviar do compliance interno e externo? É difícil acreditar que tenham conseguido esse feito em voo solo.
- Fase de “implosão” e “explosão” → Momento em que as partes começam a se acusar mutuamente, colocando a culpa nos players disponíveis, quando fica comprovado que não é possível passar despercebidamente.
Caso Americanas: reflexões sobre crises financeiras e fiscais
Nesse contexto, seria leviano fazer qualquer afirmação em relação às ações e as “agendas ocultas” de executivos. Ainda assim, é impossível fugir dessas duas reflexões imediatas para os que atuam no meio de recuperação de empresas em crises severas::
- Os interesses dos executivos C-Level muitas vezes são conflitantes com os objetivos dos proprietários ou acionistas (em empresas de capital aberto mais ainda).
- Até que ponto as metas que permeiam os programas de bônus milionários envolvendo executivos do topo da pirâmide são sustentáveis a longo prazo?
De forma geral, fazer um plano de recuperação judicial acontecer é doloroso. Sem dúvida, os profissionais que entram no processo não sairão os mesmos ao final deste desafio, quer sejam fornecedores, colaboradores, executivos ou credores.
O que pode determinar o sucesso do caso Americanas?
Em resumo, o sucesso do caso Americanas depende de dois pontos críticos:
- Qual será o fluxo, e de onde virá o dinheiro novo para destravar a operação que é motor de uma recuperação judicial?
- Como será o processo de estruturação da equipe de gestão durante essa fase de transição?
É preciso considerar, ainda, que os R$20 bilhões em fraudes ainda são números preliminares, não auditados e sujeitos a alterações. Certamente, tem muita história pela frente e, considerando a magnitude do caso, não faltarão traumas para os envolvidos.
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